Corujas Noturnas e Céus de Verão - Capítulo Doze - Valkyrie Scan (2023)

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Tradução: Note | Revisão: Bibi

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Capítulo Doze

O banho era um paraíso comparado com o frio do lago. Vivian não me deixava voltar para a cabana treze. Não confiavam em mim o suficiente para ser a única campista vagando pelo acampamento sem supervisão, então não somente não tive tempo para me preparar para o tempo a sós com a Vivian na floresta, como também estava presa em um lugar em que ficaríamos ambas peladas. Gwen estava certa. O destino tinha planos para nós e, dessa vez, ele não precisava da ajuda dela.

O banheiro dos conselheiros era um cômodo pequeno com chuveiros públicos e alguns privados. Nós duas fomos para a opção privada e o vapor preencheu o lugar quase imediatamente. A pressão era incrível, mas o gel de banho e o shampoo que me foram dados não cheirava a rosas.

“Vivian, que tipo de shampoo você está usando?”

“Você já sabe a resposta para essa pergunta.” Ela disse e me mostrou uma embalagem através do espaço aberto entre as cabines, puxando rapidamente quando tentei usar meu pé com o fim de derrubá-la para o meu lado. “Privilégios de conselheira. Desculpa.”

“Você tem duas escolhas. Um, deixe-me usar esse shampoo divino com cheiro de rosas, ou dois, encare as consequências.”

“Para mim, Emma, sua versão de vingança é resmungar a cada minuto de cada dia.”

“Então farei o oposto.” Espirrando o sabonete genérico na esponja, fiquei diretamente debaixo do chuveiro e uivei tão alto quanto minhas cordas vocais permitiam. A água batia no meu rosto fazendo minha voz trepidar. Quase ao mesmo tempo que minha voz saiu, Vivian brutalmente jogou seu vidro de shampoo no meu chuveiro. “Agora sou qualificada o suficiente para ser uma sereia?”

“Você definitivamente poderia matar alguém com essa sua voz.” Ela murmurou.

Escolhendo não levar isso como ofensa, mesmo que fosse muito fácil ceder, usei o shampoo, cantarolando silenciosamente de olhos fechados. A corrente carregou o cheiro de rosas ao meu redor, me transportando para uma floricultura. A porta da outra cabine rangeu e nem um segundo se passou antes que a toalha pendurada na minha porta fosse puxada.

Ousei abrir uma pequena fresta da cabine e espiei o lado de fora, onde Vivian não usava nada mais que uma toalha. O cabelo dela estava ensaboado e pingava no peito dela e então no chão. “Não tenho vergonha nenhuma de andar até aí, ao natural, e pegar essa toalha de volta de você.”

Ela hesitou. “Você não faria isso.”

“Abrindo a porta…” Blefei, fazendo-a largar minha toalha e levantar as mãos para cobrir os olhos. Ouvindo meus passos, ela apertou as mãos mais forte contra o rosto. Enrolei a toalha ao meu redor e cutuquei seu nariz. “Você realmente não pensou bem nisso.”

“Você queria ficar com o meu cheiro.” Ela disse como uma explicação.

“Sim, para lembrar de você quando não estiver comigo.” Provoquei.

“O único momento em que não estamos juntas, na maioria dos dias, é quando estamos na cama.”

“Uma pena, aparentemente, já que você queria me ver pelada.” Ri e fui em direção ao vestiário. “Vá se enxaguar. Me encontro com você lá fora, totalmente vestida. Sem reclamações!”

Assim que me sequei e me troquei, fiquei do lado de fora da cabana perto do lago e sequei meu cabelo, enrolando-o ao redor da cabeça e esfregando a toalha vigorosamente contra ele. Cheirava tão bem. Cantarolei conforme me inclinava contra a cabana, observando enquanto os campistas eram reunidos para a contagem. A porta da cabine abriu e Vivian saiu.

“Pronta?” Ela perguntou.

Andei para o lado e ela desceu dos degraus. “Tenho alguma escolha?”

“Não, não realmente.” Ela disse. “Ou arrumamos a caça ao tesouro agora, ou esperamos o Walter voltar, e não sei você, mas prefiro estar dentro da cabana durante a noite.”

“Eu estaria dentro da cabana, dormindo…”

“Não, estaria se espreitando nas sombras, fazendo sanduíches.” Como ela sabia disso? Ela parou ao lado de duas bolsas pretas grandes. “Gwen tem a língua solta. Ela contou para o Walter, que, em troca, ficou com as sobras dela. Walter tem a língua solta e contou para mim. Não foi difícil juntar as peças, Emma.”

“Detetive Black. Falando nisso… o que vai fazer sobre a Lauren? E posso pegar aquelas cartas de volta?”

“Gwen quer falar comigo antes que eu faça qualquer coisa. E assim que voltarmos, você terá suas cartas.”

“Obrigada.” Eu disse, aliviada.

Vivian brandiu um mapa de dentro de uma bolsa. Ela pegou a bolsa, colocando suas mãos através das alças, para que ficasse confortavelmente em suas costas. Acabei fazendo o mesmo e quase caí por conta do peso da bolsa. Vivian me endireitou ao agarrar a alça e soltou com um risinho condescendente pela minha situação.

Andando atrás dela à medida que andava de volta para a floresta, concluí que ela carregava uma bolsa mais leve. Não que eu particularmente a culpasse. Se tivesse uma lacaia, eu a usaria também. Mas provavelmente escolheria uma lacaia muito mais capaz fisicamente.

“Emma.” Vivian disse conforme me curvava para abrir a bolsa. “Frequentamos a mesma escola.”

“Como todo mundo nessa cidade.” Apontei, tirando um bicho de pelúcia. “Só que, tipo, por meio ano, quando tinha quinze anos. A maior parte eu faltei. Voltarei por esse coelho de pelúcia amanhã e ficarei com ele. Isso não é contrabando nem nada do tipo, é?”

“Você não participará da atividade.” Ela bateu no topo do meu capuz conforme passou por mim. “Nós iremos monitorar o jogo. Não quero que você trapaceie.”

“É a única vez que quero participar de uma atividade, e você me nega a diversão.”

“Walter estará monitorando conosco. Tenho certeza que podem se divertir por conta própria.”

“Verdade.”

Partimos assim que marquei a posição do coelho no mapa. Nós o deixamos sentado adoravelmente no topo do galho de uma árvore. Com o peso das bolsas e a quantidade que tivemos que caminhar, o exercício me manteve aquecida o suficiente para lutar contra o frio da brisa.

“Então,” eu disse, estalando os dedos: “Por que mencionou aquela palavra suja?”

Achatando o mapa contra suas coxas, ela perguntou: “Que palavra suja?”

Eu visivelmente tremi. “Escola.”

“Tinha trezentos alunos e nunca, nenhuma vez, eu te vi, nem de passagem.”

“Talvez você tenha visto, mas não lembra. É normal. Ou talvez não tenha visto porque estava um ano na minha frente. Eu não conhecia a Gwen até vir para o acampamento. Para ser honesta, poderíamos até termos nos encontrado — até interagido — e eu não lembraria. Os detalhes daquele ano são bem nebulosos.”

“Tem uma memória ruim?”

“Só quando estou passando por maus bocados.”

“Entendi.” Ela respondeu. “Os celulares das pessoas revelam muita coisa sobre elas mesmas.”

Finalmente entendendo o que ela estava falando, respondi: “Sim. Eu era uma solitária perfeita. No único momento em que poderíamos interagir, no almoço, eu estava escondida. O celular te disse tudo isso, ou você assumiu que meu único amigo era um gato gordo chamado Thomas?”

Ela girou para que pudesse andar de costas. “Não ofenda seu único amigo.”

“Gwen é minha amiga. Walter também. Sua mãe. Espera, pensando bem, seu pai também. Tenho uma discussão pendente com ele sobre algumas capivaras.”

Os passos dela desaceleraram. “Capivara?”

“O maior roedor do mundo.” Respondi, ainda tendo que falar com o Sr. Black sobre a criatura. “E tenho certeza que, com o tempo, seremos melhores amigas também.”

“Nós duas?”

“Não, eu e a capivara.” Brinquei.

Ao contrário da última vez que estive profundamente dentro da floresta, coincidentemente com a Vivian, dessa vez seguimos o som da água até cruzarmos com uma cachoeira. Tudo o que tínhamos a fazer era seguir o riacho, acendendo as lanternas enquanto atravessávamos os escombros.

Peguei meu celular da mão aberta da Vivian depois dela tê-lo tirado de sua bolsa e dancei até chegar ao topo de uma rocha plana. Ignorando seus protestos, coloquei uma música aleatória. Lembrei do jeito que me senti dançando no acampamento perto do fogo e decidi que dessa vez seria diferente; dessa vez, a conselheira se juntaria a mim.

“Você não tem permissão de ter o celular, lembra?” Vivian me disse, estendo a mão com expectativa.

“Claro,” disse, ignorando-a. “Como diabos essa coisa está carregada até cinquenta por cento? Ele morreu assim que o peguei. Lauren não poderia tê-lo carregado, certo?”

“Estava morto quando o peguei de você.” Ela confirmou. “Essencialmente, o roubo dela foi sem sentido. Eu, por outro lado, tenho um carregador na minha cabana.”

“Interessante. Enfim, dance comigo.” Eu a convidei, balançando minha cabeça para trás e para frente. “Você me fez dançar daquela vez. Agora é a sua vez.”

“Dançarmos juntas enquanto você escorrega da pedra e morre? Não, obrigada.” Mas ela se sentou na beirada da rocha e pressionou a palma contra sua superfície. Foi quando notei o tilintar de chaves. Consegui puxá-las do bolso dela e fiquei boquiaberta com o que saiu com elas.

“Ah meu Deus. Vivian, você o guardou.” Cutuquei meu chaveiro entre os olhos conforme deslizava para me sentar ao lado dela. “Meu pequeno avestruz, meu Mike.”

“É uma coruja. Você o nomeou de Mike? Que tipo de nome é Mike?” Ela zombou.

“De Monstros S.A. Nossa, ele é a coruja mais hedionda que já existiu. Quem iria querê-lo no bolso o dia todo?”

“Eu.” Ela brincou. “Ele não é hediondo.”

“Eu o fiz; só estou sendo realista.” Peguei a pequena coruja das mãos dela e o fiz dançar em seu ombro. “Até mesmo com um olho, ele é atraído por você. Olha! Ele quer que você dance.”

Parei de fazer o chaveiro dançar quando olhei para Vivian. O rosto dela apresentava uma das expressões mais gentis que já a vi fazer, algo que pensei que fosse impossível para ela conseguir. Ela moveu sua cabeça para mais perto da minha. Inclinou-se para que sua testa descansasse contra a minha, e eu fechei meus olhos. “Atraído por mim?” Ela disse, pouco mais que um sussurro.

Vivian se inclinou e lentamente beijou meus lábios. Rapidamente nos separamos e tomamos respirações rasas e trêmulas. Já incapaz de me conter, segurei a cabeça de Vivian com minhas mãos e a puxei para um beijo feroz e apaixonado. Suas mãos traçaram um caminho pelo meu corpo, sentindo cada fenda, cada linha, ao longo do meu físico.

Deitei de costas à medida que ela se combinava com a forma do meu corpo, subindo em cima de mim. Minhas mãos se aventuraram pelo seu corpo curvilíneo, explorando. Nos separamos e abrimos os olhos. Encarando profundamente uma à outra, respiramos em conjunto, nossos olhos nos examinando; os meus estavam cheios de admiração, os dela, de curiosidade.

Tão rápido quanto começou, acabou.

Vivian pulou em pé e deslizou para fora da rocha, até que ficasse a centímetros da cachoeira. “Eu não deveria ter feito isso.”

Ainda deitada na rocha plana, segurei a coruja sobre a minha cabeça e puxei suas asas. “Mas você fez.”

Deslizei da rocha e fomos embora da cachoeira em completo silêncio, mas percebi que a Vivian se certificou de que o carinha estivesse com a gente, e não parecia se importar comigo o carregando.

Não é como se pudéssemos ir para nossas cabanas e fazer a estranheza desaparecer enquanto dormíamos. Ainda tínhamos o resto da caçada ao tesouro para preparar. Pela primeira vez desde que vim para o acampamento, meus membros ariscos e olhos inquietos não eram por causa da paranóia de ser deixada sozinha na floresta. Não, minhas emoções amplificadas mandaram minha ansiedade para o infinito e além e, toda vez que a Vivian andava rápido demais, meu corpo obtinha vontade própria e se esforçava para andar bem ao lado dela. Ela diminuía o passo e me mantinha por perto, mesmo que seus ombros estivessem rígidos.

Nos movemos rapidamente e deixamos um óculos de sol, um Frisbee, um chapéu de praia, uma bola de praia e chinelos em uma rápida sequência, marcando-os no mapa e então voltando para o acampamento. Era hora do jantar quando voltamos, e o pensamento de enfiar comida na minha boca estava fora de cogitação. Meu estômago era um poço que estava fechado para negócios.

Vivian me deixou para trás, e pareceu que não iríamos dizer nada uma para a outra quando ela saiu da sua cabana com as minhas cartas em mãos. Conforme me virava para rastejar até minha cabana e cair de cara no travesseiro, ela me chamou: “Espera. Sei como estar por aí afeta você…” Ela jogou a bolsa de lado e pegou uma barra de chocolate. Ela me entregou tanto as cartas quanto o chocolate para mim. “Sei que não vai comer de imediato, mas chocolate me ajuda às vezes quando estou estressada. Leve com você. Coma devagar. Não coma igual um urso. Vou dizer para minha mãe guardar algo para você mais tarde.”

De volta na minha cabana, deitada de costas, comi o chocolate, quebrando-o em pedaços para que não fosse devorado em cinco segundos. Meu cabelo envolveu minha cama com o mesmo cheiro que tinha preenchido o ar enquanto nos beijávamos. Com os olhos fechados, senti como se estivesse deitada com as costas no pedregulho, beijando, beijando, beijando.

Os grupos dos Castores e das Águas-Vivas foram reunidos ao redor de seus respectivos conselheiros para ouvir as regras da caça ao tesouro. Fiquei de lado, observando enquanto ganhavam um mapa, uma bússola e uma lista de itens que precisavam achar. O grupo que achasse mais objetos ganharia. Eu entendi que, por ter me envolvido no preparo do jogo, não poderia participar, mas queria dar a Vivian e a mim o quanto de espaço fosse possível agora, porque quando os campistas entrassem na floresta, estaríamos sozinhas novamente. Ela não tinha falado comigo desde que me entregou as cartas na noite anterior.

Walter posicionou seu grupo na linha de partida e então lançou um joinha desajeitado conforme finalmente se juntava a mim perto do tronco de uma árvore. Ele deslizou uma jaqueta de cima do seu ombro e a entregou para mim. “Aqui, já que vamos ficar perto da linha de chegada, pode precisar disso.”

Meus dedos traçaram pela palavra Conselheiro. “Que gentil da sua parte, Walter.”

“Nope. Não fui eu.”

Olhei para a Vivian, observando-a colocar o terror em seus campistas. “Ah.”

“Eu poderia estar com meus pequenos campistas, procurando por coisas, ganhando, destruindo as massas.” Ele disse. “Mas aqui estou eu, sob ordens estritas para ser o mediador. Gwen, ela sente desarmonia no nosso futuro-casal preferido. Ela queria acelerar o processo de vai-não-vai. Palavras delas, não minhas.”

“Isso não é normal. Uma família não deveria, não sei, encorajar os interesses românticos, ou falta deles, de seus irmãos, a persegui-los.”

“O que quer dizer, ‘falta de interesse’?”

“Não deveria tentar forçar algo em alguém que não sente nada, Walter.”

“Espera um minuto…”

“Sério, cara, deixa isso quieto.”

Os Castores e as Águas-Vivas foram soltos na floresta pela Vivian.

Pensei que a Vivian fosse ir até a linha de chegada sem nós, mas isso não foi o que aconteceu. Ela esperou que fôssemos até ela antes que caminhasse na nossa frente, determinada a não fazer contato visual comigo, ou qualquer tipo de contato. Andei atrás dos irmãos, não querendo me impor. É assim que me senti, e não era bom.

A jaqueta era fina. Era forrada com lã por dentro, então mantinha meu calor corporal dentro dela. A falta de movimentação à noite significava que não ficaríamos aquecidos como o resto dos campistas. Daí a jaqueta.

“Foi ela?” Walter arfou, fazendo com que eu prestasse atenção na conversa deles.

“Vá perguntar a ela você mesmo.” Vivian disse, presunçosa.

“Foi você, Emma?” Ele perguntou, descrente, desacelerando seus passos. “Você fez aqueles sanduíches fodásticos e não me contou?!”

“Você iria querer uma assistente pessoal.” Eu adivinhei. “Por que te contaria?”

Ele bateu seu ombro contra o meu. “Para agradar ambas nossas barrigas. Duh.”

Sem querer, alcançamos a Vivian. Nem estava brava por Vivian ter contado a ele que fiz os sanduíches da Gwen, nos quais ele comeu. Ela, voluntariamente, falou de mim. Isso era um bom sinal? “Já sou a parceira de cozinha da sua mãe. Da Gwen também, às vezes, de noite. Não posso acrescentar mais um da sua família na lista. Eu iria enlouquecer.”

“Claro que pode.” Ele brincou.

“Você ficaria me devendo uma.”

“Eu te devo várias.”

“Posso cobrar agora?” Sussurrei, tendo certeza de que ninguém nos escutasse. Ele hesitou e então assentiu. “Não é tão ruim. Deixei um coelho em uma das árvores e meio que o queria depois do jogo. Pode se certificar de que eu o consiga?”

“Só isso?”

“Só isso.”

Walter começou a andar para trás e percorreu seu olhar energético entre mim e a Vivian. A ponderação estava lá, descarada, mas eu não entendi sobre o que ele precisava pensar. Era uma tarefa simples e nada mais que isso. Ele pegaria o coelho para mim, eu faria sanduíches para ele às vezes. Era uma troca justa entre nós — não muito justa com os campistas participando da caça ao tesouro, mas o que os olhos não veem o coração não sente.

Walter estava prestes a fazer algo incrivelmente estúpido. Seus punhos se fecharam aos seus lados. Quase o alcancei para pegá-lo, mas ele disparou como uma bala, pulando por entre as folhas nas árvores próximas e gritando conforme corria, igual um macaco louco. Não tive nem ao menos a chance de levantar minha voz para parar suas ações impulsivas. Ele já tinha ido, como se nunca tivesse estado aqui.

Hesitantemente, olhei para ver a mandíbula da Vivian apertada tão forte que seus dentes podiam rachar. Essa falta de comunicação e o fato dela simplesmente me ignorar estavam me consumindo. Nós duas caminhamos através dos galhos e começamos a escalar o terreno íngreme da floresta.

Coloquei meu capuz para que não pudesse ver a silhueta do corpo da Vivian, como se não a ver significasse que ela não estava lá. Isso funcionou perfeitamente até que escorreguei e caí para trás, batendo nela, o que a forçou a soltar um grunhido quando, de algum jeito, ela me pegou.

Mais rápido do que Walter foi embora, eu me endireitei e balancei a cabeça, murmurando: “Desculpa.”

Quando chegamos no topo, ela comentou: “Você está agindo mais estranha do que o usual. Está nervosa.”

“Tenho medo de acampar, o que, por um acaso, parece incluir a floresta?”

“Não, não é isso.” Ela deduziu, como se eu fosse um quebra-cabeças esperando para ser solucionado. “Você melhorou muito em lidar com o ambiente. Melhorou notavelmente. Outra coisa está acontecendo.”

“Certo. Serei direta.” Ainda imaginando se deveria ou não falar, assenti para mim mesma, aceitando o que estava prestes a sair de mim. “Você acidentalmente me beijou. Talvez tenha sido minha imaginação. Talvez eu tenha te beijado. Agora você está me evitando — uma rejeição silenciosa, e eu aceito essa rejeição. Não precisa ficar com medo de que eu vá te atacar ou seja lá o quê.”

“Com medo? Você acha que estou com medo? Não estou com medo.” Ela zombou.

“Só estou te deixando ciente para que possamos acabar com essa estranheza, porque eu até que gosto das nossas conversas. Esquecer o beijo e seguir em frente?”

“Se é isso que você quer, então é o que pode fazer, Emma.”

“Estamos de acordo?”

“Parece que sim.” Ela disse, voltando a me ignorar.

A linha de chegada estava logo em frente. Uma tangível e firme linha laranja através de dois troncos de árvores, concluindo a corrida entre os campistas, e ver isso também acabou com a conversa mais dolorosamente desastrosa da minha vida. Ter dito aquelas palavras permitiu que a mão imaginária agarrada na minha garganta diminuísse o aperto, até que minha respiração finalmente saiu de forma fina e firme. Alívio, um sentimento tão palpável naquele momento, enquanto me ajeitava ao lado de uma das árvores e me amontoava dentro da jaqueta com cheiro de rosas.

Puxei as mangas sobre meus dedos e enfiei as unhas no tecido. Uma linha ou outra pegou minhas unhas, então estava distraída, puxando uma linha solta igual a um gato por alguns minutos, com os pensamentos dispersos demais para pensar claramente e olhos voltados para baixo conforme a linha permanecia esticada.

“Acho que somos mais parecidas do que imagina, Emma.” Vivian se inclinou contra o mesmo tronco que eu, mas permaneceu em pé. “Ambas somos incompetentes em assuntos sociais. Isso não significa que não possamos nos comunicar claramente. Provavelmente significa que somos mais honestas que as outras pessoas.”

“Está falando que realmente quer dizer tudo o que fala?” Perguntei.

“Claro que não. Não somos completamente estúpidas.” Vivian deslizou no tronco e sentou ao meu lado, ombro a ombro. “Seu estilo. Pode ser cativante. Encantador. Você não faz joguinhos. Você usa a verdade na manga e expõe sua vulnerabilidade, emoções — poderia ser suscetível a fraquezas, mas não é. É como nos diferenciamos.”

“Está dizendo que ambas somos idiotas, mas de jeitos diferentes?”

Ela colocou as mãos no rosto e as manteve lá. “Não.”

Eu me inclinei para frente, espiando por entre as mãos dela. “Então o que está dizendo?”

“Pelas razões que disse — é por isso que eu te beijei, e não irei repetir o que falei de modo algum.”

“Estou muito confusa. Pensei que fôssemos esquecer sobre isso?”

“Eu disse que você poderia.”

“Mas você não vai?”

“Parece que não.”

Ficamos sentadas debaixo das folhas das árvores. O calor dos nossos ombros era a única coisa que me deixava ciente de que não estava sozinha. Era tão reconfortante quanto assustador. Vivian disse sua parte; ela me respondeu, e agora era minha vez de responder às palavras dela.

“Você dificulta as coisas.” Eu disse, eventualmente, me afastando um pouco para dar espaço a ela.

“Não.” Ela levou o punho até o queixo e depositou sua atenção na linha de chegada. “Talvez. Sim. Mas você também não é inocente. Eu tinha um plano para este verão, Emma.” Seu tom era afiado, nervoso, mas ao mesmo tempo de aceitação, o que me confundia. “Sabe o que gosto em visitar este acampamento? Rostos familiares, rotinas, a previsibilidade nessa cidade pequena. Dois meses. Então o resto do meu tempo é gasto sem histórias atreladas aos nomes. Estranhos. Sem pensamentos, descobrindo do que gosto, quem eu sou, descobrindo o significado no mundo.” As juntas dos dedos dela se esbranquiçaram. “Não sou muito fã de surpresas.”

“Sem festas surpresa para você então. Anotado.”

“O acampamento não é um lugar para surpresas.” Ela continuou, ignorando meu comentário ao afundar ainda mais seu punho na bochecha. “Mas lá estava você, roubando no barracão, sendo acertada por bolas de queimada, ficando obcecada pelo meu coração, se apaixonando por coisas com cheiro de rosas, confiando em mim com as suas chaves. Fazendo a Gwen e o Walter se importarem com você; até minha mãe te adora. Fazendo eu gostar de você.” Ela tirou o punho do rosto e olhou para mim profundamente. “Gostar de uma garota? Talvez tenha sido uma surpresa, mas não das maiores. Processei isso e já aceitei. Gostar de você? Emma, você dificulta as coisas.”

“Tenho uma sugestão, mas não tenho certeza se estaria dificultando ou não as coisas.”

“Não acho que isso seja possível.” Ela disse.

Sua expressão aberta me fez continuar com meus pensamentos. “Ao invés de esquecer, talvez possamos revisitar aquilo que aconteceu.”

Com o jeito que o rosto dela e, caramba, seu corpo todo, congelou, tive certeza de que era bem provável que fosse a pior coisa que poderia ter falado. Quando ela se moveu para se aproximar de mim, eu entrei em pânico e coloquei as mãos no meu rosto. Bem devagar, ela inclinou a cabeça contra o tronco e fechou os olhos. “Parece que sim, é totalmente possível deixar as coisas mais fáceis. Você levou dez palavras para expressar exatamente como se sente. Dificilmente posso seguir com a sugestão de beijá-la se estiver bloqueando seu rosto.”

“Não especifiquei um momento para a minha sugestão.”

“Um acordo único, Emma. Agora ou nunca.”

“Mas é a minha sugestão!” Espremi todo meu rosto no espaço entre meus joelhos, um pouco em pânico. “Como pode fazer que os termos e acordo sejam seus?”

Seus dedos bateram contra o meu pescoço. “Compromisso. É assim.”

Virei minha cabeça para que minha bochecha descansasse contra meu joelho e encontrei os olhos de Vivian. “Tenho uma ideia melhor que a minha sugestão.”

Ela pausou. “Não vejo o que seria melhor que beijar você.”

“Cortejar.” Eu disse.

Antes que ela sequer pudesse pensar sobre a palavra, quem dirá formular uma resposta, torcidas, gritos e um pisotear de passos passaram pela floresta até que saíram da cobertura das folhas e dispararam até a linha laranja. Walter segurava o coelho de pelúcia como um campeão segurava seu troféu para que todos vissem.

“Esse é seu jeito de se comprometer? Remover totalmente a sugestão?” Ela questionou, batendo na minha bochecha para reconquistar minha atenção.

“Quer dizer, você já está se saindo muito bem.” Puxei uma das mangas da jaqueta.

Algo puxou seus lábios; se fosse um sorriso, nunca seria revelado, porque ela não o deixou aumentar. “Isso não conta.”

“Prevenir que eu passe frio não conta?”

“Afirmativo.” Ela não hesitou em responder.

Quando Lauren emergiu do amontoado de campistas, me fez pensar em outra coisa. “E trocar nossos sacos de dormir para me afastar do meu desconforto também não conta?”

“Prevenir que seja assediada era somente uma coisa decente a se fazer.”

“Eu estou ganhando então.”

“Ganhando? Isso não é uma competição.”

“De acordo com você, estou te cortejando mais rápido do que você está me cortejando. Mais rápido. Melhor. Aparentemente, cortejar é minha praia.” Eu disse.

“Eu te beijei.” Ela sibilou, inclinando-se para que ninguém mais pudesse ouvir. “Você disse que eu dificulto as coisas, Emma, não. Você tem que respirar, e isso é difícil.”

“Difícil não me beijar de novo?” Recebi um tapa na minha coxa por esse comentário, mas isso não abalou minha euforia. Vagarosamente fiquei em pé e ofereci a ela minha mão. Ela propositalmente se levantou sozinha e cruzou os braços. “Eu te ofereci uma chance de tomar a liderança. Mas não, pela sua definição, você ainda não estava me cortejando.”

Ela colocou a mão no meu ombro e me deu uma cutucada. “Vá pegar seu coelho.”

“Falando nisso, até o Walter passou você.”

“Vá.” Ela repetiu, por entre dentes.

Eu a deixei em paz porque ela só podia ser provocada até certo ponto, especialmente na mesma área que os outros campistas. Aquele pequeno detalhe não estragou minha felicidade em relação à produtividade da nossa conversa. Estabelecemos algumas coisas sem ficarmos super sérias ou agitadas. Merecíamos um tapinha nas costas por não deixar nossas frustrações uma com a outra arruinarem o fluxo da conversa.

Já que os Castores e o Walter voltaram e continuamos a ter nossa conversa, as Águas-Vivas chegaram, terríveis, em roupas enlameadas. Walter os tinha mantido ocupados, ainda segurando o coelho debaixo do braço. Ele escaneou repetidamente o grupo com a testa enrugada. Alcancei os campistas e imediatamente tive meu braço agarrado por uma mão fria, sendo cumprimentada por olhos demasiadamente esperançosos.

“Emma, minha melhor amiga, Emma.” Gwen disse, me puxando para mais perto para que pudesse me abraçar. “Estou orgulhosa de você. Minhas ranzinzas estavam sendo ranzinzas juntas.”

“Por favor, nunca mais repita isso.”

“Tão orgulhosa.” Ela fungou, afastando uma lágrima falsa da bochecha. “Desculpa, lágrimas de felicidade.”

“Sobre o que o Walter está surtando?”

“Está faltando um campista.”

“Caramba.”

E foi assim que, curtos quinze minutos depois, todos estavam abastecidos com um parceiro de busca, uma lanterna, baterias extras, walkie-talkies e jaquetas. Fomos mandados para a floresta para achar a pessoa desaparecida. O rosto normalmente feliz de Walter estava rígido e firme, fazendo os campistas o levarem a sério, mesmo que tivesse um coelho enfiado dentro de sua jaqueta de modo que a cabeça saísse pelo colarinho.

Meu relógio revelou que eram onze horas da noite e, mesmo que fosse verão, estava frio e escuro, e ninguém estava no clima de ativamente procurar o idiota que não ficou de braços dados com outra pessoa.

Vivian e eu continuamos nossa brincadeira. “Francamente, estou impressionada.” Ela disse.

“Foi você que admitiu seus sentimentos para mim primeiro. Eu que deveria ficar impressionada.”

“Não, não isso. Eu teria esperado essa idiotice de se perder na floresta de você, considerando seus lanchinhos noturnos.”

“Impressionada? Pontos de cortejo para mim então.”

“Você caiu na ilusão de que está ganhando esse cortejo. Agora, essa é uma típica anormalidade de Emma Lane.” Seus lábios se curvaram deliciosamente para cima e, assim que percebi, minhas costas estavam pressionadas contra um tronco de árvore aleatório, e seus lábios roçavam os meus. “Isso, bem aqui, isso é real.”

“Só andar ao seu lado já me fez irresistível, aparentemente. É uma realidade muito boa.”

Antes de cutucá-la de volta, pressionei um pequeno beijo em sua bochecha e voltei a caminhar, com lábios formigando e mãos levemente trêmulas, fazendo a luz piscar de um lugar ao outro. Fora isso, estava completamente calma. Sem contar minha respiração.

Eu me ocupei em analisar o pequeno e preto walkie-talkie na minha mão e coloquei na estação em que todos estavam usando para se comunicar. As pessoas estavam balbuciando aleatoriamente no aparelho, claramente pensando que suas palavras eram uma fonte de entretenimento quando, na verdade, era irritante. “Certo. Coloca para fora.”

“Certo.” Ela arrastou a fala, pegando o Walkie-talkie da minha mão e o desligando. “Como você determina quem está ganhando? Tem um sistema de pontuação? Alguma ação vale mais que a outra? Você planejou algo palpável?”

“Pensei que isso não fosse uma competição, Vivian.”

“Na sua cabeça, é, e quem sou eu para não alimentar seus jogos infantis?”

Peguei a mão dela, e seu movimento instintivo foi entrelaçar nossos dedos juntos, o que fez minhas bochechas doerem de tanto sorrir. “Viu isso? Nossa primeira caminhada romântica pela floresta, de mãos dadas. Claramente, recebo o máximo de dez pontos.”

“Dez pontos por uma busca bizarra?”

Eu apertei. “E dois pontos extras pelo rubor que está demonstrando.”

Depois de uma busca de duas horas, encontramos a Jessie perdida na floresta. Vivian e eu a encontramos estirada em um pedregulho, encarando as estrelas como se fossem a resposta para todas as questões de sua vida. Duas garrafas de vinho estavam no chão ao lado dela. Não era necessário um detetive para saber o porquê estava tão delirante. Ela tinha roubado vinho do escritório do Sr. Black.

Declaramos que a missão foi um sucesso pelo walkie-talkie. Ajudei Vivian a arrastar a garota bêbada de volta ao acampamento. Ela balbuciou coisas sem sentido sobre eu ainda ser a melhor amiga dela e mencionou como se arrependia de dar as cartas para a Lauren. Os murmúrios confusos cessaram quando a Jessie adormeceu em nossos braços. Era um pequeno alívio que ela se sentia terrível pelo jeito que estava agindo desde que vim para o acampamento. Talvez o que ela tenha dito nas cartas era a pessoa que ela queria ser, mas na realidade, a pressão dos colegas a desviou desse caminho.

“Ela ficará muito encrencada?” Eventualmente perguntei.

“Consumo de álcool como menor de idade, roubo, desobedecer o conselheiro…” Vivian listou em resposta. “Depende. Meu pai gosta de descobrir as razões por trás desse tipo de comportamento. Se ele puder ajudar, ele irá. Se foi um ato de rebeldia, então sim, haverão consequências.”

“É por isso que ele surge com ideias, como o acampamento isolado?”

“Uma de suas punições favoritas que acontece, na maioria das vezes, para consertar a raiz do problema.”

“Céus, Jessie está realmente fora de si, não é?”

“Ela parece ter sido levada pela culpa.” Vivian comentou em sua casual tentativa de obter informações. Ela gesticulou para que parássemos de andar. Gentilmente a apoiamos no chão e tomamos um ar. “Não que eu saiba de alguma coisa das suas cartas, mas se elas eram tão profundamente pessoais… vocês duas eram melhores amigas?”

Quase disse sim, mas me segurei. “Eu teria dito sim quando morava aqui, mas não tinha com o que comparar. Não me lembro de muita coisa, e esse é um dos motivos pelos quais gostava de escrever para ela. Ela preenchia as lacunas para mim. Encontrar alguém como você? Mostra para mim que minha ideia de amizade não é nada comparada com a realidade.”

“Do ponto de vista de alguém de fora, compartilhar pensamentos tão pessoais com alguém pode significar que ela era mais que só uma amiga.” Vivian disse. “Só isso.”

“Não, nunca foi assim com a gente. Ela me disse desde o começo do acampamento que lia minhas cartas todo verão, e a princípio achei muito doce da parte dela.” Eu disse. “Mas ela facilmente as mostrou para a Lauren. Isso me faz imaginar quem mais as leu ao longo dos anos. Mesmo quando uma amizade acaba, não posso imaginar compartilhar algo tão pessoal com outra pessoa. Estou feliz que não moro por aqui.”

“O que vai fazer com elas?”

“Queimá-las. Escrever coisas era algo que meu terapeuta sugeriu que eu fizesse. Bem, ela disse para manter um diário, que era uma boa ideia para manter registro das minhas memórias, mesmo que estivesse passando por um momento difícil, mas pareceu meio estranho falar sozinha, então enviava cópias para a Jessia. Se tornou uma rotina.”

“O que acontecerá agora que sua rotina está…”

“Acabada? Vou parar de enviar cartas e começar a fazer propriamente um diário, como deveria ter feito desde o início.”

Levou somente outros cinco minutos arrastando a Jessie pela floresta para deixá-la com o Sr. Black em seu escritório. Ele ordenou que todos voltassem para suas cabanas pela noite e, pelos grunhidos e suspiros prolongados, estava claro que todos estavam aliviados. Assim que voltamos para minha cabana, meus colegas instantaneamente subiram em suas respectivas camas, sem se incomodarem em trocar as roupas enlameadas ou tirar os sapatos. Liguei uma lâmpada e tirei a roupa, mesmo que tenha levado cinco minutos para tirar a jaqueta da Vivian. Estava cheirosa demais para me livrar dela de bom grado.

Subi na minha cama e descansei os braços atrás da minha cabeça. Ao invés de cair no sono como queria, deitei lá, bem acordada. Não era um período de insônia ou preocupação. Fiquei pensando no que aconteceu antes da Jessie se perder e, honestamente, não parecia real.

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Author: Kareem Mueller DO

Last Updated: 07/11/2023

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